Direção: D.W. Griffith
Roteiro: Thomas Dixon Jr.; Franl Woods;
D.W. Griffith
Dois
irmãos da família Stoneman visitam os Cameron em Piedmont, Carolina do Sul.
Esta amizade é afetada com a Guerra Civil, pois os Cameron se alistam no
exército Confederado enquanto os Stoneman se unem às forças da União. São
retratadas as conseqüências da guerra na vida destas duas famílias e as
conexões com os principiais acontecimentos históricos, como o crescimento da
Guerra da Secessão, o assassinato de Lincoln e o nascimento da Ku Klux Klan.
Esse clássico
de Griffith também poderia ter sido chamado de “O nascimento de uma nação
racista e violenta”.
Ao contar a
história dos Estados Unidos, sobretudo no período transitório entre o
escravismo e a abolição, o diretor deixa transparecer a sua perspectiva e modo
de enxergar e interpretar as coisas, sendo assumidamente um lado aristocrático
e racista.
No entanto,
antes que se condene esse filme, é também interessante compreender a sua importância, sobre dois aspectos.
O primeiro é
cinematográfico. O nascimento de uma
nação estará eternamente cravado na filmografia mundial. Ele é considerado
o primeiro épico do cinema e, sem dúvida, deu uma grande contribuição à
indústria cinematográfica. Indústria essa que hoje produz filmes capazes de
libertar o indivíduo da ignorância que alimenta o racismo. Paradoxos da vida!
O outro
aspecto relevante é que a obra de Griffith permite conhecermos um modo de
pensar que explica certas atitudes. Confesso que eu enxergava a Ku-Klux-Klan
como um bando de lunáticos apenas movidos por sentimentos racistas. Mas, não.
Não são apenas sentimentos que movem a KKK, mas existe uma razão política e
sociológica por trás – e que o filme de Griffith retrata. Ou seja, há um modo de
pensar que faz com que políticas racistas sejam implantadas.
Políticas
essas que eu abomino. No entanto, entender a lógica de tais movimentos é
importantíssimo para a sociedade, pois a compreensão histórica e contextual
permite que não repitamos os mesmos erros e nem nos deixe cair na armadilha de
tomar certas decisões políticas que nada mais são do que reprodução de velhos
discursos racistas. Todas elas com sua lógica e argumentação, mas que não
deixam de serem racistas, elitistas e, sobretudo, egoístas.
Em outras palavras: quantos argumentos anti-cotas de gente que se auto-considera "não racista", não são justamente argumentos que se valem de uma lógica semelhante aos defendido por Griffith e pela KKK? Não que quem seja contrário às cotas seja necessariamente racista ou fascista. No entanto, alguns argumentos coincidem, como a idéia de que políticas de reparação são meros privilégios e, portanto, devem ser abolidas.
Então, se tem algo importante para absorver desse filme, é compreender o modo de pensar deles, para que a gente abra a nossa mente e não repita a mesma lógica racista. Pois o que está na tela não é só sentimento, é lógica também. Só que com uma premissa que eu, particularmente, condeno. Mas que muitas dessas premissas são usadas por nossa sociedade ainda hoje, sem que as pessoas se dêem conta.
E a violência
é conseqüência disso tudo.
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