Direção: Michael Moore
Roteiro: Michael Moore
"Dessa vez é pessoal!" Esse é o slogan deste documentário do polêmico diretor Michael Moore, no qual tenta explorar as causas fundamentais do desmantelamento econômico global recente. Sem deixar de lado a ironia e a comicidade, Moore foca seu olhar para as manobras políticas e corporativas que culminaram naquilo que o diretor descreve como "o maior roubo na história do país".
Esse talvez
tenha sido o filme mais digamos “sentimental” de Michael Moore.
Na sua
primeira metade há um forte apelo dramático, que torna o documentário carente
de informação e preso a sentimentalismos baratos, como filmar filhos chorando a
morte da mãe, com uma musiquinha triste ao fundo. Até mesmo a religião foi
usada de forma apelativa. Particularmente, acho que nessa primeira hora
inicial, pouca coisa se salvou, exceto a apresentação do caso dos jovens
presidiários devido a um esquema nefasto e a bem feita analogia entre a
sociedade atual e a do império romano.
Já na segunda
metade, o filme passa a ter elementos que sempre consagraram Moore. Daí em
diante, são apresentadas denúncias, entrevistas com especialistas e políticos,
além das “palhaçadas” de Moore, que são tão divertidas quanto coerentes.
E, por fim, o
diretor transforma o filme em uma espécie de manifesto e apelo. Ele convoca os
conterrâneos a se juntarem a ele nessa luta contra os grandes bancos e
executivos de Wall Street e em defesa de uma sociedade mais justa, igualitária
e, sobretudo, democrática.
Coincidentemente,
vi esse filme no mesmo dia em que Obama foi reeleito. O presidente
estadunidense é um dos personagens de Moore e nele o diretor deposita uma
grande expectativa.
Para a
possível frustração de Morre, Obama não resolveu os problemas que o diretor
apontava, nem conseguiu implementar as políticas populares que ele tanto
desejava. Bem verdade, Obama não foi tão imbecil quanto Bush, e ainda reduziu o
ímpeto imperialista dos Estados Unidos, pautados em guerras e em cooptação de
presidentes terceiromundistas. Pelo contrário, Obama se mostrou uma pessoa com
boas intenções. Só que pouco adianta ter boas intenções, se não tem o poder.
Obama mostrou
ao mundo que o presidente dos Estados Unidos não é o homem mais poderoso do
planeta, como sempre aprendemos. Na verdade, anos de liberalismo e de
capitalismo tornaram os banqueiros e investidores – ou seja, os donos do
capital – os verdadeiros donos do mundo e, conseqüentemente, os que ditam as
regras da sociedade. Obama até pode ter tentado, mas há pouca coisa que ele
possa fazer sem o aval dos reais donos da grana.
Agora, o
reeleito Obama terá mais quatro anos para dizer para que veio.
Até lá,
continuamos em um sistema que permite que 2% das pessoas possuam a riqueza
equivalente as da metade do planeta. Que um terço desses mais ricos se
concentre nos Estados Unidos. Que 10% dos estadunidenses mais ricos possuam 70%
da riqueza dos EUA. Que 1% dos brasileiros mais ricos possuam o mesmo que 50%
dos mais pobres somados.
Mas, quem
sabe, como levemente profetiza Moore, as revoltas nos países árabes, Grécia,
Espanha e até mesmo nos Estados Unidos, não indiquem o surgimento de uma nova
era.
Minha Nota: 7,7
IMDB: 7,4
ePipoca: 6,2
Sugestão: Trabalho interno
Download:
Nenhum comentário:
Postar um comentário