Direção: Darko Mitrevski
Roteiro: Darko Mitrevski
Um
desertor macedônio e seu irmão de sangue italiano percorrem o submundo do crime
nos Balcãs, em busca do cadáver de sua sogra, que se encontra enrolado dentro
de um tapete roubado.
Alguns diretores já perceberam o quanto é pertinente usar o
humor, para se tratar do delicado tema da guerra.
Em Bal Can Can
essa proposta de sátira já é exposta desde o início. Tudo começa a partir de
um diálogo entre um homem que já está morto e seus "colegas" na sala do necrotério.
Daí em diante o humor mórbido prevalece. O protagonista e o
seu irmão de consideração partem em uma aventura para tentar achar um tapete
roubado, em que o cadáver da sogra estava enrolado. Se esse mote já é insano,
igualmente são todas as mortes que se sucedem. Os dois personagens, ao procurar
o tapete, seguem pistas de chefões do crime organizado. Com isso, ambos fazem
uma verdadeira viagem pelo Leste Europeu, revelando como a banalidade da morte
por motivos fúteis chega a ser cômica, se não fosse trágica.
A epopéia parte da Macedônia – que não é um tipo de salada,
uma marca de cigarros, nem uma comunidade mórmon em Ohio, como é ironizado logo
no início do filme, fazendo piada do desconhecimento do mundo sobre esse país,
nos Balcãs. De lá, em busca do tapete, os personagens se encontram com bandidos
na Sérvia, Montenegro, Bósnia e Kosovo. Em todos esses lugares, o que se vê é
sangue sendo derramado por nada e diálogos insanos. Novamente, toda essa
loucura torna o filme engraçado, mesmo sabendo que esses recursos servem para
camuflar a barbárie da guerra.
No entanto, no final, todo o bom humor é substituído por uma
seriedade. É como se o diretor dissesse: “Ok, acabou a graça. Vocês entenderam
a lógica do filme e o nosso cenário até aqui foi esse. Daqui para frente
pretendemos não precisar mais usar o humor para falar das mortes, pois
esperamos que não tenham mais mortes banais. Aqui estão as crianças, libertas
dessa Indústria da Carne. Aqui está a nossa esperança”.
E é justamente nesse clima final de seriedade, que se trava
um diálogo que resume bem a mensagem do filme:
- Eu lutei sob o seu comando. Eu confiei em você. Minha
família foi morta defendendo você do exército servo. Vá para o inferno, Shefket
Ramadani!
- Meu nome é uma lenda. Não o pronuncie.
- Você é uma desgraça para a nossa causa. Nós não lutamos a
guerra para tipos como você...
- Você está errado, Kreshnik! As guerras são lutadas para
tipos com eu ... e contra tolos como você.
E a síntese ou sinopse do filme, pode ser copiada de mais
uma fala, já no final:
- Meu nome é Santino Genovese. Eu vim aos Balcãs para pagar
uma velha dívida. Junto de meu irmão de sangue, Trendafil, nós temos procurado
por uma velha, amarrada dentro de um tapete. Nós fizemos uma longa jornada,
recheada de risadas e lágrimas. Uma aventura estranha ... que está para acabar.
E, por fim, a última citação do personagem:
- “Não cabe a mim ser um herói. Mas, é óbvio que os
problemas de duas pessoas pequenas como nós não significam nada para esse mundo
louco”. Humprey Bogart, Casablanca.
Além de tudo isso, o filme é carregado de referências a
personagens reais e filmes estadunidenses, como O Poderoso Chefão, além da
dedicatória à Billy Wilder.
Minha
Nota: 8,4
IMDB:
7,3
ePipoca:
-
Sugestão: Underground - Mentiras de Guerra
Download:
Gosto dessa junção humor + sofrimento para falar de coisa séria.
ResponderExcluirE acredito que ao final quando o diretor, pelo que você diz traz o público para a seriedade do tema o filme fique ainda melhor.
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ResponderExcluiratualizei
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