Direção: Charles Ferguson
Roteiro: Chad Beck; Adam Bolt; Charles
Ferguson
Primeiro documentário a elaborar uma análise profunda sobre o colapso financeiro de proporções globais, ocorrido em 2008, resultando em um prejuízo de U$ 20 trilhões, a perda de emprego de milhões de pessoas no mundo inteiro e a pior recessão dos Estados Unidos desde 1929.
Um resumo da ópera:
Bancos negociavam hipotecas para os indivíduos. No entanto,
em determinado momento, os bancos passaram a usar esse negócio dentro do
mercado financeiro, comercializando títulos para grupos investidores. Ou seja,
os bancos captavam recursos de investidores e aplicavam no comércio das
hipotecas. Dessa forma, o indivíduo, para adquirir uma casa, negociava a
hipoteca com o banco, portanto, pagava mensalmente a parcela para ele. O banco,
por sua vez, retirava a sua comissão e repassava o restante para os
investidores (os reais donos do dinheiro). Logo, quanto mais venda de hipoteca,
mais comissão para os bancos e seus principais corretores. Sendo assim, o que
os bancos fizeram: estimularam a comercialização imobiliária.
Como se deu tal comercialização? Com baixíssimo critério, o
que, portanto, elevava o risco do empréstimo. Pouco importava se o comprador
tinha um emprego seguro, uma poupança ou demais garantias para quitar sua
dívida a médio e longo prazo. Mas por que os bancos emprestariam dinheiro, via
hipoteca, para alguém que não ofereceria garantias de que iria pagar? Ora,
porque o dinheiro não era deles (dos bancos), era dos investidores. Portanto,
já que o dinheiro não era do banco, pouco importava se o comprador iria pagar.
Sendo assim, quanto mais hipotecas comercializassem, melhor, já que isso
significaria milhões em comissões aos funcionários e bilhões na receita dos
bancos.
Ora, mas porque os investidores topavam entrar nesse esquema
de altíssimo risco? Porque eles não sabiam que o esquema era de altíssimo
risco. Fraudes em documentos, manobras contábeis e, sobretudo, uma boa
classificação dada pelas 3 maiores agências ofereciam tranquilidade para os
investidores. Mas, por que as agências de classificação davam boas notas para
as transações que estavam sendo feitas no mercado de hipotecas? Porque eles
eram muito bem remunerados para dar as melhores notas, obviamente.
E a sociedade não notou nada de errado? Alguns, sim. Mas, os
principais acadêmicos e analistas insistiam em elogiar o sistema e atestar
sobre sua eficácia. Por que eles fizeram isso? Talvez por incompetência
intelectual, mas provavelmente as suas pomposas receitas com a prestação de
consultoria para os bancos envolvidos justifique tal comportamento.
E o Estado, não fez nada? Fez. Ao longo de décadas desregulamentou
boa parte desse mercado, o que facilitou que fraudes e operações de alto risco
comprometessem todo o sistema financeiro. Mas por que eles fizeram isso? Por
que o Governo é refém, cúmplice e parceiro do mercado financeiro. Wall Street
ocupa a Casa Branca. Os principais chefes econômicos (Tesouro, Banco Central,
Conselhos, etc.) são os mesmos envolvidos nas operações das grandes empresas e
grupos de investimento. São eles que financiam suas campanhas e praticam lobby
durante seus mandatos. O presidente dos Estados Unidos não é tão poderoso
assim. Sem o crivo do sistema financeiro, nenhuma decisão substancial é tomada.
O resultado: muita gente não conseguiu pagar as hipotecas. O
alto escalão dos bancos faturaram bilhões, inclusive os que tiveram seus bancos
quebrados. Os bancos quebraram, seus donos e principais funcionários, não. E
quem pagou a conta disso tudo? Os investidores, donos do capital aplicado, e a
população, que viu seus impostos irem parar no resgate dos bancos falidos, na
recessão da economia, no consequente desemprego e na diminuição dos
investimentos estatais em serviços básicos, como a educação.
A crise se alastrou pelo mundo. Até hoje vemos a Europa em
desespero. Por lá, houveram diferentes razões para a crise. O que permanece
igual são os lucros bilionários do alto escalão do mercado financeiro. Que
quebrem seus próprios bancos, a população, o país; a impunidade e o lucro deles está
resguardado.
Minha nota: 7,3
IMDB: 8,2
ePipoca:
5,9
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Este documentário faz com que qualquer um perca a última esperança que exista em algum governo ou entidade pública ou privada.
ResponderExcluirO roteiro didático mostra como foi criado um verdadeiro castelo de areia na economia americana, que quando desabou causou consequências em metade do mundo.
Aqui no Brasil também vivemos uma bolha criada por facilidade do crédito e inadimplência cada vez mais alta. Espero apenas que em breve não aconteça algo parecido por aqui.
Abraço
pois é. O que é dose é saber que as nossas vidas, nossos dias, estão extremamente dependentes de uma meia dúzia que opera a economia mundial e que nem sabe que nós existimos.
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